“Jamais passou pela minha cabeça que o dia começaria com tanta tensão e emoção. Mas são nesses momentos que nos damos conta de que estamos preparados e capacitados para agir nas situações de risco.
O que devo fazer quando vejo um acidente acontecer bem na minha frente? Passo reto e sigo a vida? Ou diminuo a velocidade e penso “vish já era” e depois vou embora. Ou encosto o carro e vejo se precisam de ajuda? Pois bem hoje presenciei uma batida violenta e, sim, encostei meu carro no meio da rodovia presidente Dutra. Ia ajudar, mas só não imaginava o quanto minha atitude seria fundamental na vida de alguém.
Por volta das 7h50, um motoqueiro vindo em alta velocidade colidiu na traseira de um caminhão. Deveria estar a uns 100 km/h. Nem vou entrar nos detalhes do que aconteceu, pois a cena era horrível.
Logo que desci do carro percebi que o motociclista estava muito mal: membros inferiores com fratura exposta e com a respiração muito fraca, além de um enorme buraco na cabeça, fazendo-o perder bastante sangue. Tentei parar o sangramento com algumas blusas e aferir o pulso, que estava muito baixo. Puxei conversa para saber o nome e também para mantê-lo consciente. Foi quando chegou outra pessoa com conhecimentos de primeiros socorros. Ficamos até o resgate chegar. E digo que demorou, viu. Desde o contato até a chegada foram uns 30 minutos fáceis.
Com o passar do tempo, percebemos que o motociclista não estava mais consciente e perdia a vida aos poucos. Até seu coração parar. Olhamos um para o outro e sem pensar duas vezes, comecei a fazer a massagem cardíaca (neste momento, sendo bem sincero, achei que não teria mais jeito, pois era bem grave).
Fiquei firme fazendo essa massagem, por quase 15 minutos, até o resgate finalmente aparecer. Veio muita ajuda: tinha duas ambulâncias; motos da polícia rodoviária; paramédicos da Nova Dutra, enfim, parecia cena de filme de ação. Os veículos vinham pela contramão, num alvoroço. Tinha todo aparato possível para salvar vidas. Pude acompanhar um dos melhores atendimentos: rápido e atencioso. Depois, é claro que, vieram me fazer algumas perguntas e a primeira foi onde eu havia tinha obtido conhecimentos em técnicas de primeiros socorros. Logo respondi: no Movimento Escoteiro. Comentei também que procuro ensinar aos jovens entre 15 e 18 anos essas técnicas, que um dia podem ajudar os outros.
Ao escutar que se não fosse pelo nosso atendimento e a realização da massagem certamente aquele senhor estaria sem vida, me caiu como um dever comprido. Pude perceber o quanto podemos fazer a diferença na vida de alguém: foi como uma bomba de alegria e emoção, sendo uma das coisas mais loucas de que eu, um mero civil pode escutar. E, ainda, quando entrava no carro ir ao trabalho, um socorrista falou: tenha um bom dia e Sempre Alerta!”
Depoimento de William Holland, coordenador regional do ramo sênior e chefe sênior do Grupo Escoteiro Cassiano Ricardo (72/SP), de São José dos Campos