Isabela Mylena Soares, Samira Garcia e Benjamin de Castro.
No dia 26 de agosto é comemorado internacionalmente o Dia da Igualdade Feminina, data escolhida em 1973 nos Estados Unidos em homenagem aos 53 anos da aprovação da 19ª Emenda que permitiu o voto às mulheres estadunidenses. Embora haja registros de alguns Grupos Escoteiros que experimentaram a co-educação entre os anos de 1915 a 1950, só em 1979, no Ramo Pioneiro, tivemos um posicionamento oficial dos Escoteiros do Brasil aceitando a participação de meninas no Movimento. Seguindo o exemplo tivemos em 1980 a aceitação para o Ramo Escoteiro, 1981 o Ramo Sênior e em 1982 a oficialização no Ramo Lobinho. Por isso, hoje vamos falar sobre como trabalhar equidade de gênero na UEL.
Hoje em dia pra quem vive o Escotismo diariamente chega até ser estranho pensar que no passado era um movimento apenas para meninos e que são apenas 42 anos desde que o Movimento Escoteiro Brasileiro começou a aceitar mulheres e embora possa parecer muito tempo, quando pensamos a nível histórico é como se fosse ontem. Pensando nisso, trazemos algumas reflexões e dicas sobre como se inteirar do assunto e passar a trabalhá-lo em suas atividades.
Igualdade, Equidade e Feminismo
Por definição, o Feminismo é uma teoria que sustenta a igualdade política, social e econômica de ambos os sexos, sem que haja qualquer relação de superioridade de um sobre o outro – diferente do Femismo que se caracteriza como ódio aos homens. E então você pode estar se perguntando “Mas se busca igualdade porque se chama feminismo?” e a resposta é simples! Este movimento entende que a igualdade só será alcançada com o aprimoramento e a ampliação do papel e dos direitos das mulheres, já que a sociedade em que vivemos hoje teve uma construção histórica em que esses poderes estão e sempre estiveram nas mãos dos homens, logo são elas quem precisam subir a escada para chegarem onde os homens estão e sempre estiveram.
Porém, quando falamos de igualdade de gênero, precisamos entender que a “igualdade” se diz respeito ao objetivo final e não ao caminho que precisaremos percorrer. Então pensemos de forma prática: falaremos de uma corrida de 20km e imaginaremos que ela possui duas linhas de começo, uma para mulheres e outra para os homens. A linha dos homens tem uma vantagem de 5 km à frente da linha das mulheres e de forma igualitária tiramos 2 minutos do tempo final de todos os corredores. Quem serão os ganhadores dessa corrida? Nesse exemplo aplicamos a igualdade, pois “oferecemos as mesmas condições para todos”, porém não foi uma corrida justa.
Por isso, precisamos entender que para alcançarmos a igualdade, precisamos trabalhar a equidade, pois é nela que adaptamos as oportunidades para as necessidades de cada grupo como podemos ver nessa imagem:
E então, como praticar a equidade de gênero na minha UEL?
- Respeito é imprescindível, independente do assunto que estejamos tratando;
- Priorize a co-educação em sua UEL, seções mistas e atividades em conjunto são algumas das formas de aplicá-la, afinal a co-educação é uma das bases do Movimento Escoteiro e através dela estimulamos o respeito e a harmonia mútua entre todos os jovens;
- Reflita e pondere sobre a distribuição dos papéis e cargos de liderança na sua UEL. Há uma predominância de homens sobre mulheres nesses cargos de liderança? As escotistas mulheres são automaticamente mandadas para o Ramo Lobinho ou para a cozinha/limpeza? Entre os jovens as meninas sempre ficam como cozinheiras ou em cargos menos ativos?
- Crie discussões, debates e rodas de conversa sobre equidade de gênero sempre que possível, a atividade do #HeForShe/#ElesPorElas é uma ótima oportunidade de começar essa conversa na sua seção;
- “Mandona, Brava, Irritada” são alguns dos adjetivos que meninas fortes escutam frequentemente. Reflita: Ela é realmente assim ou é apenas uma líder? Um menino com o mesmo comportamento ouviria esses adjetivos?
- Sempre ouça as queixas que as meninas e mulheres da UEL levantarem e não desvalide suas percepções;
- Encare os casos de preconceito com maior severidade, cortando quaisquer comentários sexistas e orientando sobre o porquê dessa atitude ser errada, demonstrando o peso sobre o que foi falado entre os jovens e a mesma atitude deve ser mantida com os adultos e dependendo da gravidade da ação/comentário deve ser realizada a denúncia através do Canal de Conduta;
Não se esqueça também de uma das frases de B.P. “Não existe ensino que se compare ao exemplo”, busque sempre aprender e evoluir para que você ajude no crescimento dos seus jovens e nos assuntos aos quais cada geração debate. E como tudo no movimento, escute o jovem!
Ficou alguma dúvida, questão ou quer mais ajuda para entender o assunto? Entre em contato com a Equipe de Diversidades através do e-mail diversidades@escoteirossp.org.br.