Por Marjorie Martins e Samira Garcia
No mês de outubro, o assunto “Diversidade Racial” fica em destaque na mídia por conta do dia da Consciência Negra, comemorado no dia 20, mas sabemos que é necessário falar sobre diversidade e respeito ao próximo durante todo o ano. 56% da população brasileira se declara negra, mas sabemos que ainda há uma certa dificuldade e resistência em tratar sobre o tema, por isso hoje nós iremos te ajudar a falar sobre o assunto com os jovens da sua Unidade Escoteira Local.
E ah! Lembrando que o texto se refere a população negra em memória ao mês em que estamos, mas muito do que está escrito aqui vale para outras minorias étnicas (como indígenas e asiáticos, por exemplo).
Por que falar sobre Diversidade Racial com os jovens?
Os temas fazem parte do nosso alinhamento junto com a Política Nacional de Programa Educativo – disponível em Escoteiros do Brasil. No documento há um trecho que diz “…sempre considerar as características culturais, sociais, políticas e econômicas da sociedade e refletir as necessidades e interesses dos jovens, tanto hoje como no futuro”.
Por ser um assunto atual e de grande importância para a nossa sociedade também se torna um assunto para o nosso Programa Educativo. Combater o racismo é um dos compromissos da nossa instituição e do jovem que queremos entregar à sociedade.
Por onde começar a falar sobre Diversidade Racial?
Dentro do tema racismo e diversidade racial há muito o que ser dito, você pode trabalhar com os jovens através de obras e debates, de acordo com a faixa etária com a qual você está trabalhando – falaremos mais abaixo. Você também pode trazer temas que estão sendo debatidos na mídia, na época em que for falar sobre o tema, mas lembre-se também de escutar o jovem. O que eles querem saber sobre o tema? Pergunte a eles para que você tenha um norte na hora de elaborar a atividade, assim eles irão se interessar mais ainda por ela.
E tenha em mente que todos nós somos racistas, afinal fomos ensinados a ser, o importante é que a cada dia tenhamos mais consciência dos nossos preconceitos e estejamos dispostos a trabalhar para tornar a sociedade mais justa.
Não sei sobre o assunto, o que fazer?
Se você está com dúvidas, chame pessoas próximas que podem te ajudar a falar sobre o tema, a Equipe Regional de Diversidades pode ser acionada neste caso para falar com os seus jovens, principalmente de forma on-line. Mas se você não conhece ninguém próximo, ou que esteja dentro da sua própria Unidade Escoteira Local para falar e te auxiliar, se aprofunde em obras (sejam vídeos, livros, séries, filmes ou outros) que irão te ajudar e dar base para falar sobre o assunto durante a atividade – listamos algumas obras ao longo deste texto. Procure sempre por pessoas que sejam referências sobre pautas raciais e tenham algum conteúdo sobre, é importante que você aprenda mais sobre, principalmente através daqueles que já conhecem, até porque quando vamos estudar sobre alguma temática sempre buscamos pessoas que saibam do que estão falando, e ao falar sobre diversidade racial não seria diferente.
Essas obras serão necessárias para que você saiba orientar os seus jovens caso haja dúvidas, e se você não souber responder, está tudo bem, não sabemos sobre todos os assuntos do mundo, mas vá atrás da resposta para levar ao jovem ou incentive-o a procurar essa resposta e trazer a seus colegas na atividade seguinte.
Trabalhando com cada ramo sobre Diversidade Racial
Sabemos que o tema é de extrema importância, mas tome cuidado para tratar da melhor maneira de acordo com o ramo em que você está. No Ramo Lobinho, a criança está no início do seu desenvolvimento, para elas é legal, por exemplo, mostrar obras, sejam filmes, livros ou outros que exaltem a auto estima das crianças negras e que mostrem a outras crianças que há beleza também em ser negro e em toda a diversidade. Você pode apresentar a elas livros como “Amoras” e “O Pequeno Príncipe Preto”.
No Ramo Pioneiro há um item da progressão (Afetivo 4) onde se propõe um debate com os jovens através de fatos divulgados pela mídia ou depois de assistir a um filme, série ou outro. Aproveite para propor que eles debatem sobre o assunto, seja com o próprio clã ou com clãs amigos. Esse tipo de debate enriquece a todos e traz novos conhecimentos.
Nas nossas redes sociais, temos duas postagens com indicações de obras que podem ser trabalhadas com cada ramo. Você pode conferir a primeira aqui e a segunda aqui.
Você também pode encontrar “Fichas de Atividade” no site da nacional para trabalhar com os jovens.
O que não fazer ao trabalhar a diversidade racial com os jovens
Por ser um tema muito delicado de ser debatido, ainda é necessário que tomemos muito cuidado ao falar sobre. Então fizemos essa lista com algumas dicas do que não falar ao trabalhar o tema.
- Não use estereótipos sobre a população negra;
- Não diminua a dor, tratando como “mimimi” ou algo parecido;
- Se tiver um jovem negro em sua seção, ouça as suas opiniões e ajude a dar voz e força ao que ele está falando;
- E claro, estude bastante sobre a temática que irá trabalhar com seus jovens.
Um jovem me falou que sofreu racismo, o que fazer?
Primeiramente, acolha-o e não duvide do seu relato, afinal, se ele está contando para você é porque confia na sua pessoa e acha que estará seguro. Converse com ele, repasse o que aconteceu, deixando claro que o ocorrido não é culpa dele, e fale com a diretoria do seu Grupo Escoteiro. Converse também com o jovem ou adulto que teve as falas racistas, mesmo que sem ter tido a intenção, e explique o porquê aquilo não foi legal.
Para evitar que isso aconteça outras vezes, repasse o que vimos anteriormente e aplique atividades sobre o tema, para que todos saibam mais sobre a temática.
Indicações que podem te ajudar a trabalhar a diversidade racial com os seus jovens e claro, com adultos, se precisar:
- Djamila Ribeiro – Pequeno Manual Antiracista;
- Joyce Berth;
- Coleção Feminismos Plurais;
- Racismo reverso – Aamer Rahman;
- Racismo Reverso – Papo de segunda;
- Curta metragem: Dúdú e o lápis cor de pele;
- Filme “AmarElo – É tudo para ontem” disponível na Netflix.
Deixamos o livro de Djamila e o perfil de Joyce Berth listados acima, mas há inúmeros vídeos disponíveis no Youtube de ambas falando sobre o assunto.
Neste texto estamos falando sobre a diversidade racial, e sabemos que ela está muito associada também à inclusão socioeconômica, que já falamos aqui também. E se precisar, temos textos falando sobre “Trabalhando Diversidade na UEL” e “Trabalhando equidade de gênero na UEL”.
Para entrar em contato com a equipe é só enviar um email para diversidades@escoteirossp.org.br.