Por: Jessica Morais, Juliana Lelot, Luisa Rosa e Matheus França, escotistas da Alcateia Luar da Roca (Grupo Escoteiro Santo Amaro – 56/SP)
Segundo o Manual do Escotista – Ramo Lobinho, “Os meninos e meninas da Alcateia são ativos e sempre cheios de energia. Apesar de terem corrido e brincado durante todo o dia, nunca querem dormir.” A faixa etária dos 6 e meio aos 10 anos, é marcada pela curiosidade, alegria e energia sem fim.
A suspensão das atividades presenciais durante a pandemia (2020-2021) foi um grande desafio para o Movimento Escoteiro, especialmente para nossas crianças. Em uma fase de descobertas e cheias de energia, os Lobinhos estavam acostumados com atividades ao ar livre,onde exploravam o mundo através de jogos, histórias e novas experiências.
Desafios da Socialização e Adaptação na Pandemia
A transição para as atividades remotas foi desafiadora e desigual, gerando lacunas no aprendizado. Muitas crianças tiveram dificuldade em se adaptar a essa nova realidade. O isolamento social, a ausência do contato presencial com amigos e familiares, além da incerteza sobre o futuro, afetaram não apenas a saúde mental dos jovens, mas também dos escotistas,que precisaram inovar rapidamente e consequentemente, muitos acabaram se afastando do movimento.
Passamos por esse período complexo e os desafios se mantêm, tanto no aspecto emocional, como educacional e social. Depois de um longo período afastadas, algumas Unidades Escoteiras Locais (UELs) enfrentaram problemas de socialização, como timidez, ansiedade e dificuldade na adaptação em ambientes com movimentação e intensas interações.
A volta ao que chamamos de “novo normal” revelou um grande déficit nas habilidades sociais e emocionais das crianças, como empatia, cooperação e a capacidade de resolver conflitos. A retomada do olhar carinhoso e atento a essas habilidades é essencial para o crescimento saudável e harmonioso das crianças.
Dependência Tecnológica e o Mundo Digital
Um desafio que se intensificou durante a pandemia, porém se tornou uma característica em crescimento desde a última década, é a dependência tecnológica. O uso prolongado de dispositivos digitais criou um vínculo excessivo ao mundo digital, dificultando a concentração, além de trazer impactos negativos na socialização e criar vícios digitais.
Sem dúvida, o cenário é complexo e, por vezes, parece desanimador. Todos nós temos aprendido a lidar com a ansiedade gerada pela tecnologia e sua oferta constante de informações instantâneas. As crianças precisavam se acostumar a esperar sua vez de falar, contribuir e entender quando é momento de escutar. Nós também precisamos reaprender a ouvi-las, incentivando-as a expressar suas ideias e controlando o impulso de interrompê-las. Ao mesmo tempo, algumas crianças que ainda enfrentam dificuldades de socialização, como timidez e hesitação em se posicionar ou compartilhar suas opiniões.
Processo de Redescobrimento
Apesar das dificuldades, temos visto sinais de progresso. Crianças (re)descobrindo suas habilidades de liderança, perdendo o medo de falar em público e se reconectando fisicamente através de atividades dinâmicas, como a dança e os jogos. Vemos os corpos, que antes se acostumaram ao sofá e cadeiras durante a pandemia, movimentando-se para dançar a famosa música “Pipoca” ou “Lorenza”. Tudo após a pandemia tem sido um processo árduo, cheio de vícios e imediatismo. Porém temos visto também a beleza do redescobrimento do que é ser um ser social e ser parte de uma comunidade ativa e colaborativa.
Importância do Acolhimento e da Parceria com os Pais
Portanto, nesse momento, devemos permanecer unidos, acolher as crianças, intensificar a parceria com os responsáveis, trocar experiências, dúvidas, medos e êxitos com outros escotistas, e buscar sempre o suporte de profissionais da saúde, educação, entre outros. No final, o Método Escoteiro e o Programa Educativo, trazem ferramentas potentes e eficientes para superarmos mais esse momento, atuando juntos para fazer nosso melhor possível!
Aos escotistas e familiares, sobreviventes da Pandemia, nosso bravo, bravo, bravo, por lutarem pela chama acesa do escotismo e acreditarem na educação como forma de transformação da nossa sociedade.