Pela Equipe Regional de Mundo Melhor
Minha UEL é obrigada a aceitar?
Sim, já começamos com a pergunta mais espinhosa de todas. Porém, se existem as dúvidas, é porque elas carecem de resposta. Muitas vezes não sentimos segurança o suficiente para lidar com alguns jovens, sejam eles com ou sem deficiência. Porém, sempre que surge essa dúvida, devemos usar dois fatores de identificação para que a decisão seja tomada.
- Estou levando em conta a promessa escoteira?
“[…] ajudar o próximo em toda ocasião e obedecer à Lei Escoteira”. Este verso mexe com o nosso senso de honra, não é? Muitas vezes, com nossa ânsia e espírito escoteiro, a vontade de amparar o outro e o dever de construir um mundo melhor nos faz tomar a atitude de acessibilizar o Escotismo para todos. Essa forma de agir está no DNA de todo Escoteiro em qualquer lugar do planeta.
- Seremos capazes de promover um espaço seguro para este jovem?
A Política Nacional de Espaços Seguros, diz que um espaço seguro significa “um ambiente que promove e apoia o bem-estar das crianças, adolescentes, jovens e adultos, assegurando-os a manifestação de suas individualidades, ao mesmo tempo que busca prevenir as práticas potencialmente perigosas à saúde física e mental dos associados.”, portanto devemos sempre priorizar a melhor alternativa para todos.
Tendo estas duas perguntas norteadoras em mente, surgem outras questões, que abordaremos aqui neste texto.
E o papel da família, como fica?
O papel da família é essencial! Mas antes de entender como, quando e onde ela deve agir com maior ou menor intensidade, precisamos entender sobre o que são os níveis de suporte dentro do Transtorno do Espectro Autista (TEA), que tomaremos como base para a nossa reflexão.
Nível 1 de suporte: Dificuldades leves na interação social e adaptação às normas, com certa inflexibilidade.
Nível 2 de suporte: Desafios mais evidentes na comunicação e na flexibilidade, com hiperfoco e respostas sociais reduzidas.
Nível 3 de suporte: Graves dificuldades de comunicação e interação, com comportamentos repetitivos e alta necessidade de suporte intensivo.
A família de todos os jovens, neurodivergentes ou neurotípicos, deve ter uma participação efetiva no Escotismo. Porém, no caso de jovens atípicos, a necessidade de suporte pode ser maior. Uma dica é convidar a família a presenciar as primeiras atividades escoteiras que aquele jovem vai participar.
É dever do Escotista garantir que a participação deste jovem seja possível, levando em consideração suas habilidades e/ou dificuldades. E estas adaptações não abrangem só o TEA.
- Jovens com Altas Habilidades/Superdotação: tendem a sentir tédio e dificuldade de ficarem parados e a falar bastante.
- Jovens com Trissomia do 21 (Síndrome de Down) ou com a Síndrome do X-Frágil: têm, em alguns casos, limitações físicas e a coordenação motora fina e a fala prejudicadas, além de deficiência intelectual.
- Jovens com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH): O TDAH pode ocorrer sozinho ou associado a outras condições, causando dificuldades significativas de concentração.
Para refletir junto com a família
Cabe a cada UEL analisar os desafios que permeiam a inclusão de jovens neurodivergentes e algumas reflexões devem ser feitas junto ao corpo de voluntários, a depender da quantidade de suporte que este jovem precisa para ter uma atividade segura e proveitosa:
- O número de voluntários consegue suprir a necessidade deste jovem?
- A família poderá estar presente nas atividades?
- A condição de saúde deste jovem o torna apto a participar de atividades ao ar livre? Se não, conseguimos adaptá-las para que ele se sinta em igualdade com todos?
- O jovem e a família estão confortáveis com a faixa etária estabelecida para os ramos dos Escoteiros do Brasil?
A Política Nacional de Diversidade e Inclusão dos Escoteiros do Brasil, diz que “O Método Educativo Escoteiro representa o marco ideal de apoio tanto para aqueles com deficiência quanto para os que não a possuem. Cabe aos adultos voluntários, com base nas decisões e orientações institucionais sobre inclusão, construir um ambiente que garanta igualdade e equidade no acesso à proposta educativa do Movimento Escoteiro.”, portanto cabe à UEL viabilizar tudo o que for possível e estiver ao seu alcance para incluir este jovem.
Portanto, cabe a nós Escotistas e Dirigentes, fazer com que toda a família se sinta acolhida e mostrar que escotismo é para todas as pessoas e que existem diretrizes que precisam ser seguidas dentro do nosso Programa Educativo. É nosso dever acessibilizar os processos para este jovem, mas sempre levando em conta o que diz a Política Nacional de Programa Educativo, mostrando que nosso método “[…]deve atender as necessidades dos jovens de todos os segmentos da sociedade, devendo ter a flexibilidade necessária para que possa adaptar-se e assegurar oportunidades de aprendizagem significativa para todos: coeducação, jovens com deficiência, jovens vivendo em situações de risco, jovens de todas as comunidades, culturas, classes, identidades de gênero, orientações sexuais, etnias, religiões, áreas geográficas ou de qualquer outra natureza”.
E se não der certo?
Sim, pode acontecer. E não devemos de maneira nenhuma desacreditar no Movimento Escoteiro ou culpabilizar agentes por isto. O Escotismo é um movimento plural, em que todos podem participar, independentemente de suas limitações.
Uma alternativa é uma conversa sincera com a família, na qual pode ser indicada outra UEL, para que o jovem possa usufruir de tudo de bom que o Movimento Escoteiro pode oferecer. Porém, de maneira nenhuma, devemos deixar de acolher e de ter a atitude e a boa vontade de acessibilizar nossas atividades para os que desejarem participar. O Escotismo é para todos!
Mas e se DER CERTO?
Que bom! Toda a UEL, desde os jovens até os adultos voluntários, só têm a ganhar com a diversidade dentro do Movimento Escoteiro. Somos pessoas plurais, que têm em seu DNA a inclusão como norteador de caráter.
Como celebrar a diversidade na UEL?

A décima edição do Mutirão Escotismo Para Todos (MutEPT) vem para trabalhar com todos os ramos a inclusão e a diversidade. Neste ano, o tema norteador são as deficiências cromossômicas, mostrando que independente de qualquer mutação genética, Escoteiras e Escoteiros de todo o mundo têm em seu DNA o mesmo ideal: o respeito e o compromisso pela pluralidade
O caderno de atividades pode ser conferido AQUI e a Região Escoteira de São Paulo convida a todos para participarem do evento que tem seu período de aplicação até 31 de maio de 2025.
Embora tenha um período definido, as atividades do MutEPT podem ser aplicadas a qualquer momento, independentemente do contexto. Todas as outras edições podem ser conferidas no arquivo MutEPT.